Figuras de construção ou sintaxe 12266f

Elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo, anacoluto, silepse, hipérbato e polissíndeto são figuras de construção ou sintaxe, caracterizadas pela construção frasal incomum. p3670

Figuras de construção ou de sintaxe são figuras de linguagem marcadas por construções frasais que se afastam de uma estrutura gramatical comum. 614w2j

Elas estão relacionadas à:

Leia também: Figuras de pensamento recursos linguísticos que criam efeitos de sentido

Resumo sobre as figuras de construção ou sintaxe 332n4c

  • Figuras de construção são figuras de linguagem relacionadas a construções frasais incomuns.

  • Elipse é a ocultação de uma palavra ou expressão na estrutura do enunciado.

  • Zeugma é um tipo de elipse em que ocorre a ocultação de um termo já mencionado na frase.

  • Anáfora é a repetição de um ou mais termos no início de versos ou frases.

  • Pleonasmo é a repetição intencional com o objetivo de enfatizar uma ideia.

  • Anacoluto é a falta de conexão sintática entre o início da frase e a sequência de ideias.

  • Silepse é a concordância ideológica e não gramatical.

  • Hipérbato é a inversão da ordem direta de uma oração.

  • Polissíndeto é a repetição de conjunção coordenativa; principalmente, da conjunção “e”.

Videoaula sobre figuras de construção ou de sintaxe 693e2g

O que são as figuras de construção? 1r1w

As figuras de construção ou sintaxe são figuras de linguagem caracterizadas por construções frasais que se desviam de uma estrutura gramatical comum. É o que se pode verificar, por exemplo, na frase “Entrou Edna em sua bonita casa”, que se afasta da estrutura usual, isto é, “Edna entrou em sua casa bonita”.

Quais são as figuras de construção? 46c1y

Existem as seguintes figuras de construção:

  • Elipse 3585j

É quando uma palavra ou expressão está oculta na estrutura da frase:

  • Belo canalha, o Leandro.

  • Quando entrei na loja, fiquei fascinado com aquele terno e perguntei ao dono: “Quanto custa?”.

Nesses enunciados, estão implícitos o verbo “ser” (“Belo canalha é o Leandro”), o pronome “eu” (entrei, fiquei, perguntei) e as expressões “da loja” e “o terno” (“dono da loja” e “quanto custa o terno”). Porém, os dois últimos casos são um tipo especial de elipse, como veremos a seguir.

  • Zeugma 632i1x

É uma forma de elipse caracterizada pela ocultação de um termo ou expressão já mencionada no enunciado:

Amo a canção Preciso me encontrar, na voz de Cartola; e também, O mundo é um moinho.

Nesse exemplo, a oração “amo a canção”, mencionada no início do enunciado, está implícita neste trecho: “e também amo a canção O mundo é um moinho”.

Leia também: Metáfora figura de linguagem que consiste em fazer uma comparação implícita

  • Anáfora 1k3c57

É a repetição de um ou mais termos no início de versos ou frases:

Se você gritasse,
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense,
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, José!

No trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), podemos verificar a presença da anáfora “se você”.

  • Pleonasmo 4t226e

É a repetição de algum termo da frase com o intuito de dar ênfase a uma ideia:

Nicanor sorriu um sorriso triste ao se despedir, para sempre, de seu grande amigo.

Para enfatizar a forma de sorrir, um enunciador pode utilizar o pleonasmo.

Mas atenção! Expressões como “entrar para dentro” e “sair para fora” são consideradas vícios de linguagem — o chamado “pleonasmo vicioso” —, pois não são usadas para enfatizar uma ideia, já que não am de um vício, costume ou mania.

Confira em nosso podcast: Pleonasmos viciosos mais comuns da língua portuguesa

  • Anacoluto 3y106r

É a falta de conexão sintática entre o início da frase e a sequência de ideias:

  • Rico todo mundo sabe que dinheiro não compra educação.

  • Eu não me importam seus problemas pessoais.

  • Silepse ou concordância ideológica 51135e

É a concordância com a ideia e não com um termo da frase:

→ Silepse de gênero n4b3q

Não me esqueço do dia em que cheguei à maravilhosa Rio de Janeiro.

O emissor dessa frase faz a concordância de acordo com a ideia de que o Rio de Janeiro é uma cidade.

→ Silepse de número x1332

O povo dessa vez não ficou calado, e exigiam seus direitos, sem reclamar dos deveres.

O enunciador, nesse caso, faz a concordância com a ideia de que “povo” é um conjunto de pessoas. Então, diz que “o povo exigiam”, em vez de “o povo exigia”.

→ Silepse de pessoa 645p12

Todas as mulheres somos reprimidas por uma sociedade machista.

Nesse exemplo, ao conjugar o verbo “ser” na primeira pessoa do plural, a enunciadora se inclui entre as mulheres. Mas esse detalhe se perderia caso ela fizesse a concordância gramatical: “Todas as mulheres são reprimidas por uma sociedade machista”.

  • Hipérbato 5h1b6q

É a inversão da ordem direta — sujeito, verbo, complemento ou predicativo — de uma oração:

À sorveteria para tomar sorvete de morango fui.

A ordem direta dessa frase é:

Fui à sorveteria para tomar sorvete de morango.

  • Polissíndeto 1z6p

É a repetição de conjunção coordenativa, principalmente da conjunção “e”:

Eles gritam, e cantam, e choram, e comemoram assim a vitória.

Exercícios resolvidos sobre figuras de construção 5b6w6u

Questão 1 - (Enem)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.

RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

A) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”

B) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...].”

C) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”

D) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...].”

E) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

Resolução

Alternativa E. Está implícita a expressão “ele” ou “o segundo”: “Supõe-se que [ele/ o segundo] fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado”.

Questão 2 – (Vunesp) Na frase: “O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô”, encontramos a figura de linguagem chamada:

A) silepse de pessoa.

B) elipse.

C) anacoluto.

D) hipérbole.

E) silepse de número.

Resolução

Alternativa E. Na expressão “O pessoal estão exagerando”, o enunciador, isto é, o camelô, faz a concordância com a ideia de que “pessoal” é uma palavra que se refere a um conjunto de pessoas. Por isso, o verbo “estar” foi colocado na terceira pessoa do plural.


Por Warley Souza
Professor de Gramática


Fonte: Brasil Escola - /gramatica/figuras-construcao-ou-sintaxe.htm